sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Almoço na Mata Atlântica

Dia desses tive o prazer e o privilégio de ser convidado para um almoço no meio da mata. Um lugar incrível, na maior mancha contínua da Mata Atlântica ainda preservada que sai mar e vem parar aqui perto de São Paulo. Um lugar que está sendo cuidado por pessoas que entendem profundamente do assunto com muito amor e muito respeito pela natureza.

Aproveitem o passeio!

Passeando por ali a bióloga Cristina Simonetti foi me contando um pouco da história dali. Já foi um lugar bem machucado por décadas e décadas de ocupação predadora, que praticamente dizimou a mata primária. Essa área foi usada na época da 2° guerra, e ainda ali tem os buracos no chão onde faziam carvão.


Árvore crescendo no teto do forno.
Flexibilidade e adaptabilidade.
Lição para a vida!

Já teve uma grande plantação de eucalipto, árvore que foi importada da Austrália e desestabiliza todo o ecossistema local. Mas o poder de regeneração da natureza é espantosa. Em 16 anos de cuidado inteligente e consciente de pessoas que sabem o que estão fazendo, a mata está enriquecendo novamente, a fauna está retornando e é um lugar belo. É emocionante!



Espelho d'água

Outro espelho d'água

Da mata primária que restou ali, dá para ver grandes Jequitibás, Jatobás, Copaíbas e Canelas se destacando da grande mata secundária se regenerando. Não consegui tirar fotos dos esquilos, macacos, tucanos e outros animais que vivem ali, não é assim tão fácil dar de cara com eles, mas vi algumas cenas deliciosas.

Visitando o açude!

Lagartas cor de rubi.
Ou romãs.

Um beija-flor posando para a foto?

Ovos de sapo, parece um tecido!

É uma delícia  ver plantas conhecidas da gente no seu habitat natural. A vida acontecendo, pela ação dos dias, a chuva, o sol, o vento, a lua, as estações, os pássaros, os animais todos. As sementes sendo espalhadas e a vida que acontece naquele cantinho específico da mata, ou naquela partezinha do tronco da árvore,  porque encontrou alí proteção, aconchego e alimento. Carinho da grande mãe. Lar.


Marantas em flor

Bromélia


Mais bromélias


Helicônia
A flor não parece que dança?

Esses 16 anos, estão devolvendo várias espécies nativas: Palmito, Jequitibá Rosa, Angico, Suinã, Paineira e tantas outras. Não que a gente não deva cultivar espécies exóticas, desde que ela goste da realidade do nosso clima é claro. Mas porque não darmos valor às plantas nativas da região que vivemos, que a natureza levou milhões de anos para cultivar, para lapidar cuidadosamente? Esse lugar é a prova que com cuidado, atenção e informação a natureza se refaz rapidamente.


Samambaias, líquens e bromélias
 Fica lindo né?

Jibóias

O caminho pela mata leva à um açude que foi construído ali. Um jardim lindo, com as plantas da mata e muito bom gosto. Simplicidade que é um elogio à natureza.

Que destaque lindo do tronco branco





Eu não digo que projetando um jardim nós tenhamos que imitar a natureza. A criatividade é ilimitada e podemos encontrar a beleza num traço verde, numa curva, lançar mão de uma licença poética verde, azul, variegata. Suavizar ou endurecer a paisagem numa conversa fina com a arquitetura. Mas temos que colocar uma mochila nas costas e buscar inspiração e sabedoria na mata, na natureza crua e perceber as necessidades da vida que vive ali. Se inspirar. Aí a criatividade tem chão para andar livremente!

Valeu Cris...
grande aula!

Um comentário:

  1. Sensibilidade impressionante!
    "brincando de deus" de forma respeitosa.
    O PASSEIO FOI INCRIVEL.

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